‘Eu Poderia Ter Feito Algo Por Ela, Mas Não Fiz’: O Luto Devastador De Uma Jovem Após O Suicídio Da Irmã
Escrito por- Felipe Monteiro em
A dor da perda é imensurável, mas quando a morte acontece por suicídio, o peso da culpa e dos questionamentos se torna ainda mais dilacerante. Yolanda Franzo, de 27 anos, compartilhou sua história de luto após perder a irmã Gabriela em fevereiro de 2024. Em entrevista, ela revelou como enfrenta essa dor e como o suicídio deixou marcas profundas na família.
Gabriela sempre foi uma jovem reservada, mas sua dedicação extrema aos estudos mascarou sinais de depressão. A busca incansável por uma vaga em medicina fez com que ela se isolasse, e ninguém percebeu a gravidade da situação. Yolanda, que morava nos EUA na época, não pode comparecer ao velório da irmã, o que intensificou ainda mais sua dor e sentimentos de culpa.
O Luto Profundo E Os Questionamentos Que Nunca Têm Resposta
Desde que Gabriela se foi, Yolanda tem lidado com um misto de emoções e um sentimento avassalador de culpa. “A depressão é uma doença que não sangra, mas é degenerativa. Parece que acontece de uma hora pra outra, mas não é”, desabafa. A dor de perder um ente querido para o suicídio é diferente de qualquer outro luto. A ausência de explicações concretas faz com que a mente busque respostas que talvez nunca existam.
Gabriela tentou tirar a própria vida duas vezes antes do fatídico dia. Na primeira tentativa, Yolanda conseguiu socorrê-la a tempo. No entanto, quando sua irmã tomou a decisão definitiva, ela estava longe, sem a chance de intervir. “Me questiono o tempo todo: se ela se arrependeu no último segundo, se eu poderia ter feito algo diferente”, lamenta.
Julgamento E A Solidão De Quem Fica
A dor do luto por suicídio é agravada pelo julgamento social. “As pessoas culpam quem foi e quem ficou, sem saber pelo que estamos passando”, afirma Yolanda. A falta de compreensão torna esse tipo de perda ainda mais solitária. Gabriela deixou apenas um bilhete curto: “Amo todos vocês. Não aguento mais. Cuidem dos meus gatos”. Palavras que, para Yolanda, nunca serão suficientes para entender o que se passava na mente da irmã.
Para transformar sua dor em algo positivo, Yolanda passou a compartilhar sua história nas redes sociais. Um de seus vídeos viralizou no TikTok, alcançando milhões de pessoas. “Recebi mensagens de quem viveu a mesma experiência e se viu em minhas palavras”, conta. No entanto, junto com o apoio, vieram também críticas e julgamentos, reforçando o tabu que cerca o suicídio.
O Impacto Psicológico E A Importância Do Apoio Profissional
Segundo a psicóloga Juliana Araújo, especializada em luto, a perda por suicídio gera um processo único de sofrimento. “O luto não tem prazo de validade e, no caso do suicídio, a culpa e os questionamentos se tornam ainda mais intensos”, explica. O impacto emocional pode ser tão profundo que, muitas vezes, o trauma se torna uma cicatriz permanente.
Juliana reforça que o suporte profissional é essencial nesse processo. “Falar sobre o suicídio ainda é um tabu, e isso contribui para que as famílias sofram em silêncio. Buscar apoio psicológico e, em alguns casos, encontrar conforto na espiritualidade pode ajudar a amenizar a dor”, conclui a especialista.
Se você ou alguém que conhece tem pensamentos suicidas, procure ajuda especializada. O CVV oferece apoio gratuito e sigiloso 24h pelo telefone 188 e também por chat e e-mail.